
Há cerca de duas semanas, eu e meu marido desfraldamos nossa filha. Aconteceu na época em que ela completou dois anos e nove meses. Em novembro de 2008 a levamos à pediatra para uma consulta de rotina (consulta que seria a primeira e última com aquela senhora) e fui questionada do “por quê dela ainda usar fraldas”. “Ué, simplesmente porque ela ainda não está preparada para sair delas!” – esta foi minha resposta. Prontamente, a médica fez um discurso clichê “Claro que está, a partir de um ano e oito meses a criança já tem total controle do esfíncter e deve exercitá-lo, e blá blá bla...”.
Para ilustrar meu pensamento sobre o desfralde (e muitas outras etapas da vida da criança) farei uma comparação:
- Colocaremos a médica que fez o tal discurso para defender uma causa jurídica que envolverá roubo, estelionato, estupro seguido de assassinato. Ela, provavelmente, ficará tão nervosa que perderá o controle do próprio esfíncter. Sim, porque ela passou cinco anos decorando livros de medicina tradicional e não de direito. Ou seja, ela não teve um tempo para aprender o que um advogado tiraria de letra.
A situação da criança ao ser desfraldada é a mesma. Vamos extrapolar nossa especulação para a gestação. A criança estava no útero por nove meses, quentinha, segura, recebendo oxigênio e nutrientes da mãe. De repente, ele sai de lá e precisa aprender a enxergar a luz; precisa aprender a comer; precisa aprender a urinar e defecar... Algumas crianças atingem estes aprendizados antes, outras depois. O fato é que todas o atingem, cada uma ao seu tempo.
Com o desfralde também é assim. A criança precisa aprender a reconhecer a vontade de fazer xixi ou cocô, para só então começar a pedir na hora certa para ir ao banheiro. E repito, cada uma tem seu tempo. Aqui em casa, levamos Três meses para conseguir o desfralde diurno. Algumas mães relatam que seus filhos já no primeiro dia já pedia na hora certa. Estas tiveram sorte!
E chegamos a mais um ponto importante do desfralde (e que a médica do tal discurso não considerou): A MÃE!
Grosseiramente pensando, desfraldar significa “tirar a fralda”. Sentimentalmente falando (e é esta forma que segui), desfraldar significa “tirar a fralda com amor e sem traumas”. E, acredito que a maioria das mães optará pela segunda definição.
Conversando com minha cunhada (que está grávida de uma menina) mencionei que naquele momento me sentia preparada para iniciar o desfralde. A interrogação no rosto de todos foi perceptível. Quem deveria estar preparada não era minha filha? Então justifiquei: Para tirar a fralda é preciso muita paciência.
Lavei dúzias de calcinhas e calças, incontáveis acidentes no carpete, muitas almofadas de sofá e a cada 15 minutos corria para o banheiro para ver se saia alguma coisa. Saia só depois que estávamos na sala. Eu fazia tudo isso sempre mantendo a calma e explicando que o lugar certo para isso era o banheiro. Nos dias em que me sentia mal, impaciente, irritada, colocava fralda para não brigar quando os acidentes acontecessem. E assim fomos durante 3 meses, até que um dia ouvi “Mamãe, xixi banheio!” e a calça ainda estava seca. Foi dia 03 de janeiro de 2009, às 16h. O pai a levou ao banheiro, ela sentou no peixe (o redutor de assento dela tem motivos marinhos) e falou “icute, Pai” e o Pai ouviu. Ela tinha feito seu primeiro xixi no banheiro!
Claro que utilizamos muita pedagogia. Comprei calcinhas das Princesas e dizia para ela que as Princesas estavam todas molhadas de xixi no varal, muito tristes porque ela não tinha pedido antes. E funcionou, porque até hoje ela fala do xixi nas Princesas!
Enfim, o desfralde foi até divertido e, com ele, percebi o quanto posso ser uma ótima mãe, paciente e amorosa. Minha filha agradece esse meu amadurecimento! Além dos conselhos tradicionais (espere seu filho falar, espere se incomodar com a fralda) criei meus próprios métodos! Espere que você, mãe, esteja pronta para essa nova fase, trabalhosa mas gratificante!